Ela e bela e anela e nela
Com trinta e sete anos ela teve seu último filho de quatro. E se dedicava a arte cênica ela a boa Aurora. E concluíra a faculdade de artes cênicas nas Belas Artes. E casara-se cedo com Anastásio de trinta e oito hoje. Tiveram o primeiro filho aos dezessete e chamou-se Devoto. O segundo filho aos vinte e três e chamou-se Notório. Já o penúltimo filho foi o Argênteo e a última filha foi a Déspota. E comprou uma casa com cinco quartos e três banheiros, uma cozinha, uma sala de estar, uma garagem para três carros, um pequeno jardim e uma área de copa. Anastásio foi professor de dança com mestrado na área. Já Aurora foi doutorada em artes cênicas com quarenta e quatro anos. E o primeiro filho fez até o doutorado em educação física. O segundo filho fez mestrado em matemática. O terceiro filho fez especialidade em turismo e o quarto filho era bacharel em história. E os seis eram felizes. E cada momento feliz era serem realizados profissional e amorosamente. E Devoto casou-se com Angelina e tiveram três filhos chamados Augusto, Milheiro e Antônia. Notório se casou com Feliciana e tiveram três filhos chamados de Argêntea, Natividade e Poetiza. Argênteo se casou com Veemência e tiveram três filhos com os nomes Avel, Dorminhoco e Solene. Já a Déspota casou-se com Joaquim e tiveram também três filhos de nomes Armínio, Gentílico e Doravante. Todos morreram com idades avançadas. Aurora morrera com cem anos, Anastásio com noventa e nove, Devoto morreu com oitenta e oito, Notório morreu com cem, Argênteo morreu com cento e dois, Déspota morreu com centro e dois, Angelina morreu com cento e três, Augusto com cento e dois, e Milheiro foi-se com cento e três, Antônia com noventa e nove, Feliciana como cento e três, Argêntea com cento e um, Natividade com cem, e Poetiza com cento e dez. Já Veemência partiu com noventa, Avel com cento e dois, Dorminhoco com cento e dois, e Solene com cento e dez. Joaquim partiu com cem, Armínio foi-se com cento e dezenove. Gentílico foi-se com cento e dez e Doravante morrera com cento e um anos completos. Ela e bela e anela e nela era ela. E Aurora escrevera um livro de suas memórias e autobiografia intitulada: a mulher de artes de cênicas partes. E o marido escreveu também dois e três livros ao lado da esposa. E os filhos também escreveram livros de portentosos pessoais. E quando Aurora morreu se escreveu em sua lápide: foi companheira, mãe e fiel escudeira e trataram-se todos muito bem em vida. E merece hoje estar na pátria celeste intercedendo por todos nós. E o marido morreu de uma ditosa velhice dentro de cada cerne verídico e fidedigno. E os quatro filhos e doze netos e noras e genros tudo se formava corretamente. E com mais de cem anos de sua morte Aurora é ainda lembrada por nós. E de cada semblante o luar de poentes sensatos e bons. E Aurora era fiel e bela e nela e anela sempre fora linda e perfeita. E basta rezar para ela interceder, pois era bem querida por tudo e por todos.
Gumer Navarro
Enviado por Gumer Navarro em 28/08/2020