Ela e ela e ela e ela
Como ela rumava todos os dias para a faculdade. E dava aulas de manhã e tarde de análise de administração. E fizera até pós-doutorado em administração. E casara-se com trinta e nove anos e tivera um filho e uma filha. E ela se chamava Antônia e o marido Rodeado. E o filho era Germânio e a filha Poliana. E compraram a casa própria com quarenta e cinco anos dela. E ambos tinham carro próprio. E a casa tinha três quartos, dois banheiros, uma cozinha, uma sala de estar, uma área de serviço e garagem para três carros e uma moto. E ela era virginiana, tez morena, corpo esbelto, olhos castanhos, um metro e setenta de altura, cinquenta e um quilos, lábios carnudos pressurosos e tamanhos trinta de calçados e bustos largos. Tinha uma silhueta de oitenta e cinco centímetros. E o marido era canceriano. E Antônia era feliz e Rodeado também. Já o Germânio era poliglota com dez anos falando quatro línguas como espanhol, inglês, francês e português. Já Poliana fora mestra na arte de escrever e foi pós-doutorado em línguas. E os quatro foram felizes. E Antônia se aposentou com setenta e sete anos. Rodeado se aposentou com setenta e oito. Já Germânio se aposentou com oitenta e oito e Poliana se aposentou com oitenta anos. E quando eles compraram a casa na praia passaram a viver por lá, agora moravam na praia e passeavam todos os dias. E Rodeado era feliz e a esposa também. Já os filhos montaram uma escola de línguas com três filiais na praia. E ficaram ricos com isso. Chegaram a arrecadar dois milhões de reais por ano em suas profissões. E deram entrada numa faculdade on-line com nota máxima no mec. nota cinco. E ensinavam vários anos com coração em ser sua maior alegria. E contratara trinta professores para a faculdade sendo especialistas, mestres ou doutores. E foi a terceira maior faculdade do litoral paulista. E a área mais procurada era administração de empresas e línguas como português, inglês, espanhol e francês. E de cada hora de um novo amor pela arte de se ensinar o semblante se faz notório. E Antônia foi uma mulher viva e linda. Iam às missas de sua paróquia todos os finais de semana e dava trinta por cento de seu dizimo todos os meses até o dia de morrer. E escreveu livros de administração e de línguas junto com o marido e o filho e filha. E com ela a Antônia era feliz como cristã e queria ser santa no céu. Perto de morrer ela foi para um asilo, pois começou a ter lapsos de memória e tremedeiras, e estava com mal de Parkson e Alzheimer. E morreu numa velhice ditosa e esquecera-se de quase tudo. Somente ela se lembrava do nome do marido mais ninguém. Mais ela se lembrava das noções básicas de comer, beber e tomar banho sua prática favorita. E foi enterrada em um sepulcro e assim se escreveu sobre ela: foi mulher de um sentimento sereno e sensato e de que ela e ela e ela e ela foi uma mestra. Sermos sensatos para que o amor deles nunca se termine e propague com todas as nossas fases de vida. E de cada hora que voltamos ao colo do pai tudo se magnifica.
Gumer Navarro
Enviado por Gumer Navarro em 23/08/2020
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