Serena e bela
Ela era bela, anela, flor de lótus, serena mulher de corpo feminil. Tinha hoje trinta e três anos. Olhos castanhos, lábios lindos, tez morena, tamanho trinta e seis de calçado, tinha silhueta bela e um metro e setenta e sete de altura. E era virginiana e tinha corpo pequeno. E de cada hora ela se ajoelhava e rezava a Virgem Nossa Senhora. E fazia genuflexões diárias sem ninguém a ver e era pura de coração e caráter. E se chamava Desdenha mulher reta e correta. E fora a vida inteira quase sem estudo, mas se virava para ler e escrever. E os filhos Jorgino e Clemência eram apaixonados pela mãe Desdenha e foram felizes ao lado da materna. E o esposo a abandonara quando a última filha a Clemência completara três anos. E Desdenha catava lixo para sobreviver. Desde papelão, garrafas de vidro, plástico e alumínio para ser a principal renda. E ganhava mais ou menos novecentos reais catando lixo na rua. E os filhos também complementavam a renda catando lixo e queriam estudar e serem universitários. E de mais estudar Jorgino conseguiu uma faculdade de pedagogia completar com muito ardor. Já Clemência fora psicóloga de renome nacional. E a mãe dele dois morrera depois de sete anos formados os dois filhos. E ela a Desdenha foi muito amada. O pai de Jorgino e Clemência assumiu a paternidade e cuidou dos dois filhos. E colocou no epitáfio de Desdenha a mensagem: foi mulher linda e bela, serena e bela e de coração feminil. Fora casta até o ser de crer. Purpúrea vontade de amar e ser amada. Assim se mostrava que Desdenha era belíssima de corpo e alma morrendo aos sessenta e nove anos. E os filhos morreram Jorgino com oitenta e oito. Já Clemência viveu até os noventa e três. Já o pai se chamava Aldo e vivera até os noventa e dois. E os quatro foram provados no fogo e na dor. E ser de Desdenha era serem com pouca instrução mais muita amor e ventura social. De cada oração atendida um ápice de coragem serena. E Desdenha e Aldo foi feliz e ele somente a abandonou por não ter dinheiro para se sustentá-la e os dois filhos. E hoje trabalhava como administrador de empresas e dera uma boa vida aos filhos. E os três envelheceram em graça e santidade. E com trinta anos Jorgino dera dois netos e com trinta e três Clemência deu dois netos a Aldo. E cada vontade de que somos amados por Jesus e somos hoje cercados de amor. Nestes tempos de fé o amor é sincero e verdadeiro. E Aldo morreu e foi sepultado ao lado da esposa querida: foi homem varonil, certo, correto, de amor sereno, dedicado e feliz com tudo e todos, e mesmo no desemprego fora corajoso e feliz como num todo. E os dez foram sepultados de cada amorosidade correta e serena. E a biosfera de sentidos bons e sensatos de sermos amados pelo Bom Deus. De cada pantanal de corações irresolutos coragem imanente. Desdenha fora catadora e analfabeta, mas era letrada na arte do amor e doação. E de todos os que somos como versos humanados cercados de paz e ardores. E assim se foi.
Gumer Navarro
Enviado por Gumer Navarro em 20/08/2020
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