Com o sereno amor dela a jovem Desdenha era professora de língua portuguesa e história. E se formara com vinte e sete anos nessas duas faculdades congênitas. E Desdenha ganhava quatro salários mínimos e era devota de Santa Rita de Cássia. E ficou endividada por causa de um carro que somente lhe dava problemas e quase bateu três vezes. E na quarta vez bateu o carro e rodopiou e ela estava com o cinto de segurança no corpo e mesmo assim se machucou. Os paramédicos a socorreram e foi levada às pressas ao hospital. Ferira a coluna na quinta e, décima segunda, vértebras e foi diagnosticada com lesão na medula e ficou paralítica da barriga para baixo. E chorou muitos dias e queria voltar a andar mais não conseguia e foi dada alta para ela se tratar em cada dela. Ela Desdenha tinha quitado uma casinha que deu entrada aos dezessete anos e aos vinte e cinco quitou seu lar. E se aposentou por invalidez e passou a ganhar somente três salários de renda pagos pelo INSS. E Desdenha pegou forte depressão e pegou transtorno bipolar e começou a gritar e espernear com xingamentos e palavrões. Até então um dia ela ligou em qualquer canal. Havia no canal um padre dizendo: se você tem hoje algum problema físico ou espiritual coloque na frente de sua tevê um copo com água para você tomar e aspergir no membro fraturado e se tiver fé sua vida melhorará. E Desdenha fez mesmo não acreditando, passou sete vezes água na coluna e pernas e esperou. Depois caiu no sono e acordou. Mexia um pouco a perna direita e acreditou e viu que surtia efeito. Começou a passar três vezes ao dia a água benta e recuperou a função dos membros em dois meses. E nunca mais deixou de ver aquele sacerdote que a ajudou na cura. E foi visita-lo, pois ele residia em outra cidade fora de São Paulo. Ele disse a ela: porque tiveste fé é que se curou e continue assim e Deus a abençoará cada vez mais. E ela se casou com Jonas seu antigo fisioterapeuta e tiveram dois filhos um menino e uma menina. E chamaram-se eles de Joaquim e Diana. Hoje Desdenha tem quarenta e cinco anos e novamente dá aulas em sua escola materna onde estudara sua mãe a boa Isildinha e o pai Diocleciano. De cada verter e cada conter Desdenha era rica em boas ideias e de sentimento nobre. Jonas morreu com noventa anos vítima de um acidente vascular cerebral mais não foi isto que morreu, ele morrera dormindo depois de um domingo com lasanha, carne a milanês e salada de maionese que comeram em cada deles quatro. E foi para o céu e depois de mais dez anos passados Desdenha morreu também e dormindo. E de cada mover de lábios pressurosos o sentido de viver agora era lindo para ela, e ela dava três décimos de doação para a paróquia do padre que por intercessão de Santa Rita lhe curou. E com sentido de que movemos o mundo com amor este é um bom exemplo. E Desdenha foi fiel ao marido, aos filhos e pais eternamente. E cada mover de sentidos sinceros serem honesta era sua melhor faculdade.